21.2.09

Empréstimo


Este deveria ser o primeiro post.... Quando tive de criar o nome do blog, este nome veio vindo à medida que eu pensava no que fazer com as palavras língua e linguagem. Via linguagem - vi a língua - língua viagem. Linguagem com viagem? Não estava gostando muito disso. Resolvi assumir meu lado anos 80 e o trocadilho.
Chegando em casa, a origem do nome apareceu: existe um livro de Augusto de Campos cujo título é Linguaviagem, em que ele apresenta dois estudos sobre os poetas Paul Valéry e Mallarmé e Keats e Yeats. Na "breve introdução", ele diz que o "projeto supõe percursos de casos e acasos, viagens no tempo-espaço e na língua-linguagem." [...] "Desviagens da poesia que [...] é uma viagem ao desconhecido. VIA LINGUAGEM."
Augusto me ajudou a entender o que desejo - tentar compreender e registrar aqui a viagem ao conhecido-desconhecido que fazemos todos os dias via linguagem. É bom saber que não estou sozinha e que vamos fazer esse percurso juntos pelos próximos 540 dias.
Site oficial de Augusto de Campos: http://www2.uol.com.br/augustodecampos/home.htm
[CAMPOS, Augusto. Linguaviagem. São Paulo, Cia das Letras, 1987.]

O livro de cabeceira


As aulas de história da escrita da Antonia trouxeram-me a lembrança do filme O livro de cabeceira, dirigido por Peter Greenaway. No Japão, um escritor viúvo cria a filha Nagiko com a ajuda da irmã. A cada ano, em seu aniversário, o pai escreve de forma ritualística no rosto e na nuca da menina. Um dia, a tia a presenteia com um livro de uma escritora japonesa do final do século 10, chamada Sei Shonagon, o Livro de cabeceira. [Sei era uma dama da Imperatriz Sadako perto do ano 1000. Ela registrou seus pensamentos, descrições de acontecimentos e poemas.] Quando cresce, Nagiko busca reviver os momentos de prazer em que sentia a tinta e os gestos da caligrafia de seu pai escrevendo poemas na sua pele. [ilustração de Sei Shonogan escrevendo, de autor desconhecido, fonte Wikipedia]