15.6.09

O processo de produção de textos - Flower e Hayes 1

Flower e Hayes investigam o processo cognitivo durante a produção de texto por escritores adultos com formação superior, professores de língua considerados como escritores experientes, e alunos de graduação, considerados como menos experientes. Não tivemos acesso à justificativa para a escolha de escritores com formação superior concluída e em curso, mas deve ter sido porque já terminaram o ensino médio e usam a escrita como meio de comunicação na universidade. A tarefa, ou o problema, foi escrever para uma revista de adolescentes – isso já determina um tipo de linguagem e de texto diferente dos que produzem habitualmente, já que não são jornalistas e estão distantes da adolescência, restando o tema da profissão como o aspecto mais familiar aos escritores. Será que essas características não influenciaram nos resultados?

Achei bastante interessante a constatação empírica de que a escrita não é espontânea, mas um processo cujo objetivo é dar uma resposta a uma questão, ou seja, é uma sequência de atividades que pode ser orientada para atingir o que se propõe.

Foi importante constatar que é o escritor que se coloca o problema: "[...] toda demanda externa é introjetada pelo escritor que 'traduz' a tarefa de escrita em termos que lhe convêm ou interessam" (FORTUNATO, 2009) . Isso deixa para nós, professores, a tarefa de mobilizar o aluno para que se interesse por resolver o problema. O sujeito do discurso é o aluno, sendo assim o que ele escreve deve responder a questões próprias. A definição do problema pelo escritor, portanto, é o foco deste texto. A pesquisa compara os procedimentos que escritores mais experientes e menos experientes seguiram para tomar delimitar o problema.

Entre os elementos observados como objetivos do escritor estão:
  • o leitor, o próprio escritor, o conteúdo semântico e a composição do texto.
  • a relação que o escritor cria com o leitor, a imagem que o escritor quer criar de si mesmo
  • a construção de uma cadeia coerente de ideias
  • as características formais do texto, ligadas ao conhecimento das estruturas enunciativas
Considerando as leituras anteriores que fizemos, as conclusões a que chegaram Flower e Hayes mostram que as características formais do texto vêm em segundo plano, vinculadas à função discursiva e, portanto, ao gênero e ao leitor. A ideia de autor está associada à de leitor, e essa característica é determinante no processo de escrita.

Um comentário:

Márcia Fortunato disse...

Bel, ao ler seu texto fiquei com a sensação de já tê-lo lido e comentado, porém a ausência de comentários publicados levou-me comentar (não sei se novamente!). Pois bem, o que eu observei diz respeito ao seu último parágrafo. Não sei se compreendi bem o que você quis dizer. Por que você diz que as características formais do texto vêm em segundo plano?
Beijo, Márcia.